2º Ano E.M.

JUNHO 2011
2º bimestre - Questionário apoio para de pesquisa do texto de Sociologia
1.      1 O QUE SCHARE-WARREM PENSA SOBRE: SOCIEDADE CIVIL E CIDADANIA?
2.      2 O QUE SE PROSSUPÕE SOBRE LEGITIMIDADE?
3.      3 QUAIS OS TIPOS DE DOMINAÇÃO LEGITIMA?
4.     4  O QUE VOCÊ INTERPRETA SOBRE A FRASE... “DIREITO DIVINO DOS REIS”.
5.       5QUAL A ORIGEM DA IDÉIA GLOBALIZAÇÃO?
6.      6 COMO PODEMOS INTERPRETAR... MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA.
7.       7 QUAL A DIFERENÇA ENTRE: MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA E MODO DE PRODUÇÃO SOCIALISTA?
8.      8 O QUE É MATERIALISMO HISTÓRICO?
9.     9  CITE OS FATORES QUE PROPORCIONARAM O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA?
10.   10 O QUE É FATO SOCIAL PARA O FRANCÊS ÉMILE DURKHEIM?
PODE RESPONDER CANETA AZUL, PRETA, LÁPIS... SÓ NÃO PODE NÃO RESPONDER!

Maio 2011
TRABALHO 2º BIMESTRE
01. (UEMA) Os novos movimentos sociais, principalmente os ambientalistas no Brasil e no mundo, têm se destacado no combate às indústrias poluidoras e usinas nucleares, ao desmatamento indiscriminado da Floresta Amazônica, dentre outros. Sobre esses movimentos, leia as proposições abaixo.
I. São movimentos sociais preservacionistas que têm como objetivo salvar o planeta Terra das agressões do homem.
II. São movimentos sociais que têm como ideologia revolucionar o modo de produção capitalista instaurando o socialismo.
III. São movimentos sociais que incriminam as empresas capitalistas modernas como devastadoras do planeta Terra.
IV. São movimentos sociais que querem destruir o poder do Estado-Nação.
É CORRETO o que se afirma em:
a)II e IV, apenas.
b)II e III, apenas.
c)I e III, apenas.
d)I e IV, apenas.
e)I e II, apenas.
02.  (UEMA) Assinale a alternativa que corresponde ao conceito de “Dominação Legítima”, formulada pelo sociólogo alemão Max Weber.
a)Capacidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social.
b)Capacidade de liderar numa determinada situação social.
c)Probabilidade de impor a sua vontade numa determinada situação social.
d)Probabilidade de operar através de atos ou uso da violência.
e)Probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato.
03. (UEMA) A globalização é um processo antigo que teve inicio com o desenvolvimento capitalista e sua expansão ultramarina. Dentre as proposições abaixo, assinale a alternativa que expressa esse processo nas suas configurações atuais.
a)Homogeneização dos mercados, tecnologias informacionais e estatização.
b)Exportação de mercadorias, competição global e economia planificada.
c)Tecnologias informacionais, competições e monopólios públicos.
d)Competição, colaboração entre Estados imperiais e tecnologias informacionais.
e)Competição global, isolamento dos mercados regionais e fundo público.
04. (UEMA) Segundo Karl Marx,
“o modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral”.
 Essa tese resume a sua teoria da história, também denominada de: 
a)
socialismo científico.
b)materialismo histórico.
c)racionalismo cartesiano.
d)fenomenologia do espírito.
e)individualismo metodológico.
05.  (UFMA) Os principais fatos histórico-sociais que propiciaram o surgimento da sociologia foram:
a)a Revolução dos cravos em Portugal e a Revolução Moçambicana.
b)a Revolução Industrial e a Revolução Francesa.
c)a Revolução Russa e a Revolução Chinesa.
d)a Revolução Mexicana e a Revolução Nicaragüense.
e)a Revolução Cubana e a Revolução Chinesa.
06.  (UFMA) Émile Durkheim (1858-1917) introduz no primeiro capítulo da sua obra As regras do método sociológico o conceito de:
a)caos social.
b)realidade social.
c)fato social.
d)arrogância social.
e)         ganância social.
07. 20/04/2011(UFMA) O modo de produção que se caracteriza pela relação entre trabalho assalariado e capital é definido como modo de produção:
a)asiático.
b)camponês.
c)mercantilista;
d)capitalista.
e)socialista.


20/04/2011
FEUDALISMO – PRÉ-CAPITALISMO
Feudalismo –> sucedido pelo capitalismo;
è Senhores feudais – terras doadas pelo Rei;
è Camponeses – cuidavam da agropecuáriados feudos  àrecebiam uma gleba de terra para morar e plantar ( para o senhor feudal);
è Sec IV – poder descentralizado. Agricultura subsistência, trabalho servil e escambo;
è Rei, clero, nobreza, servos gleba e vassalos.
Crise à sec XII – renascimento comercial, cruzadas, aumento da circulação moedas,                         desenvolvimento centros urbanos, êxodo rural, burguesia uma nova classe social, impostos, desenvolvimento comercial à inicio pré-capitalismo.
Problemas à moradia, flata de saneamento básico, banditismo, miséia, desemprego, saúde ( pestes/epidemias -> bacilo da pulga dos ratos – bactéria Pasteeurella Pestis - ) e peste negra (peste bubônica).
1ª fase Pré-Capitalista ( capitalismo comercial) à burguesia, nova classe social – busca lucro através de atividades comerciais.
è Grandes navegações, expansão maritima à comerciantes / nobrezanprocura de ouro, prata, especiarias e matéria-prima.
2ª fase Capitalismo Industrial à sec XII – revolução Industrial, a máquina substitui o trabalho do artesão.
3ª fase Capitalismo Monopolista-Financeiro à sec XX, sisitema bancário, mercado globalizado é a mola mestre do desenvolvimento.
Capitalismo à significa duas coisa básicas: propriedade privada e trabalho assalariado.
è É uma economia voltada para a exploração, baseada em forçar pessoas a trabalhar em escritórios e fábricas que não lhes pertencem e pagar a estes trabalhadores um valor menor do que aquilo que produzem e provêem.

07/04/2011

ESCOLA ESTADUAL____________________________________  _____ANO____  Abril 2011


NOME ________________________________________________________________________
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SOCIOLOGIA – ABRIL 2011

Exercício 1 -Leia abaixo o trecho de uma música:
Queremos saber
quando vamos ter
raio laser mais barato
queremos de fato um relato
retrato mais sério
do mistério da luz
luz do disco voador
pra iluminação do homem
tão carente e sofredor
tão perdido na distância
da morada do Senhor
Queremos saber
queremos viver
confiantes no futuro
por isso se faz necessário
prever qual o itinerário da ilusão
a ilusão do poder
pois se foi permitido ao homem
tantas coisas conhecer
é melhor que todos saibam
o que pode acontecer
Queremos saber, Gilberto Gil, Viramundo, 1977.
A respeito da música, é correto afirmar que:
a) é uma ode¹ ao desenvolvimento científico.
b) demonstra preocupação com o elevado custo dos produtos de alta tecnologia.
c) traz uma crítica às dificuldades de acesso da população aos produtos tecnológicos.
d) demonstra preocupação a respeito da má utilização dos inventos científicos.
e) rejeita o conhecimento científico e enaltece o misticismo.

Exercício 02 - Analise a imagem a seguir:

A imagem mostrada apresenta um exemplo de atividade informal na metrópole paulista, como “alternativa ao desemprego”.
A informalidade é um fenômeno urbano muito freqüente em cidades do Sul pobre. Assinale a
alternativa que apresenta uma condição que não contribui para o aumento do desemprego e da informalidade.
a) Estatização de empresas
b) Crise econômica
c) Automação da produção
d) Privatização de empresas
e) Fusão de empresas
Exercício 03 - Observe e leia a tirinha:

A Revolução Industrial representou mudança significativa em vários aspectos da vida, em especial da organização do mundo do trabalho.
Dentre os aspectos que estão associados ao universo da produção, podemos assinalar:
a) a produção em larga escala, num processo de padronização sem precedentes e com a divisão das tarefas, e a especialização da atividade do operário.
b) a produção em série e a reduzida padronização do processo produtivo, implicando escassa fragmentação das atividades do operário na linha de montagem.
c) a produção com limitações relativas à reduzida tecnologia agregada, o comprometimento da mais-valia e a fragmentação do processo produtivo do operário.
d) a produção de máquinas que utilizam energia elétrica e a pouca padronização do processo produtivo, com a alienação do trabalhador em relação ao objeto de sua atividade.
e) o trabalho marcado pela estabilidade no nível de emprego de mão de obra e a produção em larga escala, em que a especialização da atividade do operário é reduzida.
¹ - Poema de comprimento médio que, em geral, expressa exaltado louvor. Os teatrólogos gregos escreviam odes corais, que tinham três partes. Duas partes, uma estrofe e uma antístrofe, possuíam metrificação idêntica. A terceira parte, chamada epodo, dispunha de uma metrificação contrastante. Píndaro, da Grécia antiga, escrevia odes em homenagem a heróis atléticos. Usava a fôrma de estrofes que mais tarde passou a chamar-se pindárica. 
07/04/2011
2ºANO  - O ESTRANGEIRO DO PONTO DE VISTA SOCIOLÓGICO
 Miscigenação
Poucos países no mundo passaram pela rica interação de diferentes raças e etnias tanto quanto o Brasil. [1] Os portugueses já trouxeram para o Brasil séculos de integração genética e cultural de povos europeus, como os povos Celta, Romano, Germânico e Lusitano. Embora os portugueses sejam basicamente uma população européia, VII séculos de convivência com mouros do norte de África e com judeus deixaram um importante legado a este povo. No Brasil, uma parte substancial dos colonizadores portugueses se miscigenou com índios e africanos, em um processo muito importante para a formação do País. A esse e a outros processos somou-se o processo de imigração de muitos mais europeus. Da metade do século XIX à metade do século XX, a nação recebeu cerca de 5 milhões de imigrantes europeus, em sua maioria portugueses, italianos, espanhóis e alemães. Um dos resultados da soma desses processos é a atual composição da população brasileira. Atualmente, 48,43% da população brasileira se considera branca, 43,80% se identifica como parda e 6,84% se considera preta. 
Os índios brasileiros não apresentavam relevantes diferenças genéticas entre si: seriam todos descendentes do primeiro grupo de caçadores asiáticos que chegaram às Américas, há 60 mil anos[3]. Porém, culturalmente falando, os aborígenes brasileiros estavam inseridos numa diversidade de nações com línguas e costumes distintos. A chegada dos primeiros colonos portugueses, homens na maioria, culminou em relações e concubinatos com as índias. Em 4 de abril de 1755, D. José, rei de Portugal, assinou decreto autorizando a miscigenação de portugueses com índios [4].
Os escravos africanos trazidos ao Brasil pertenciam a um leque enorme de etnias e nações. A maior parte eram bantos, originários de Angola, Congo eMoçambique. Porém, em lugares como a Bahia, predominaram os escravos da região da Nigéria, Daomé e Costa da Mina. Alguns escravos islâmicoseram alfabetizados em árabe e já traziam para o Brasil uma rica bagagem cultural. O governo libertou os escravos no final do século XIX, mas não deu assistência social a eles, e, por vários motivos, incluindo a necessidade de mão-de-obra e a ambição de "branquear" a população nacional, estimularam a vinda de imigrantes europeus. Havia entre os governantes do País a idéia de que se os imigrantes se casassem com pardos e pretos, iriam "embranquecer" a população brasileira. A famosa pintura "Redenção do Can"[5], feita em 1895  por Modesto Brocos y Gómez, sintetiza a idéia pairante na época: através da miscigenação, os brasileiros ficariam a cada geração mais brancos.
Migração
A migração interna no Brasil acontece principalmente por motivos econômicos e desastres ecológicos.
A população de um país não é apenas modificada pelas mortes e nascimentos de seus habitantes. É preciso levar em conta, também, os movimentos de entrada e de saída, ou seja, as migraçõesque ocorrem em seu território. As migrações internas são aquelas que se processam no interior de um país como por exemplo êxodo rural, o que é constante no Brasil.
Um exemplo de migração foi aquela devido às secas que assolaram o Nordeste brasileiro na década de 1960, que fizeram com que milhares de pessoas abandonassem suas casas no sertão brasileiro por falta de alternativa agrícola e políticas sociais na região. Outro exemplo histórico foi a migração de nordestinos para a região Norte do Brasil no fim do século XIX. Isto se deu por dois motivos: o início do Ciclo da Borracha e a grande seca que assolou a região Nordeste. Destaca-se também a movimentação de imigrantes nordestinos e sulistas em busca de uma vida melhor na Região do País, único pólo industrial brasileiro na década de 1970.
A história povo brasileiro é uma história de migrações. A migração no Brasil não ocorreu ou ocorrem por causa de guerras, mas pela inconstância dos ciclos econômicos e de uma economia planejada independentemente das necessidades da população.
 Imigração
Considera-se como imigração o movimento de entrada, com ânimo permanente ou temporário e com a intenção de trabalho e/ou residência, de pessoas ou populações, de um país para outro.
Imigrante não é uma profissão.
Não se deve confundir a figura do imigrante com a do turista, que ingressa em um país apenas com o intuito de visitá-lo e depois retornar ao seu país natal.
 Emigração
emigração é o ato e o fenômeno espontâneo de deixar seu local de residência para se estabelecer numa outra região ou nação. Trata-se do mesmo fenômeno da imigração mas visto da perspectiva do lugar de origem.A emigração é a saída de nosso país. Convenciona-se chamar os movimentos humanos anteriores ao advento dos Estados nacionais e, conseqüentemente, do surgimento das fronteiras de migração. O termo migração também é comumente usado para designar os fluxos de população dentro de um mesmo país.
As razões que levam uma pessoa ou grupo a emigrar são muitas, como as condições políticas desfavoráveis, a precária situação econômica, perseguiçõesreligiosas ou guerras. Há outras razões de cunho individual, como a mudança para o país do cônjuge estrangeiro após o casamento ou ir para um país declima mais ameno após a aposentadoria.
As emigrações tiveram um profundo impacto no mundo dos séculos XIX e XX, quando milhões de famílias deixaram a Europa e o Oriente Médio para buscar uma nova vida em países como os Estados Unidos da América, o Canadá, o Brasil, a Argentina ou a Austrália.


20/03/2011  - -TRABALHO 

13/03/2011
IDENTIDADE BRASILEIRA
Proclamação Repúblicaprocesso de descentralização;
Transição Repúblicadesvalorização da nossa cultura pela Européia;
Sec. XX valorização das nossas raízes (José de Alencar);
Pós 1922movimento modernista – “redescoberta” do Brasil pelos brasileiros, através do nacionalismo, fundação do PCdoB, revolta tenentista (SP);
1926 Manifesto Regionalista de Gilberto Freyre, defesa da região (unidade de org. nacional e conservação dos valores regionais);
República Nova centralizadora, industrialização, crescimento das cidades, crise do café, crise 1929, revoltas sociais, revoltas militares e consolidação política e 2ª Guerra Mundial.
Estado Novo de Getulio Vargas ARTIGO2º. ”a bandeira, o hino, o escudo e as armas nacionais são de uso obrigatório em todo o país...”, centralização;
Brasília política, marcha para o oeste (integração territorial);
1964 centralização política, econômica, administrativa e militar;
1968Tropicalismo- artistas do nordeste, Brasil desenvolvimento desigual l(miséria/riqueza dos Estados);
Abertura Políticafim do ciclo militar, descentralização administrativamelhor divisão dos recursos financeiros;
BRASILhoje pouco mais integrado ponto de vista político, econômico e cultural – sugere que se passe
primeiro pela realidade das regiões.

CADERNO DO ALUNO – 2ª série volume 1
Pg 3. letra música no blog;
Pg 6, exercício 1 pesquisar internet resposta;
Pg 6 exercício 2 observar imagem pg 7
Pg 9 na tabela descrever qual região mais pobre e a mais rica e como tirou a sua conclusão.
Pg 10 com suas palavras qual região maior taxa analfabetismo e qual sua opinião ?
Pg 11 Faça uma relação entre saneamento/eletricidade com pobreza e riqueza regional.
Pg 12 fazer a pesquisa, responder conforme solicitado;
Pgs 14 e 15 – responder pelas tabelas pgs 9, 10 e 11;

20/02/2011

Paratodos

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro

Foi Antonio Brasileiro
Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas

Nessas tortuosas trilhas
A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro

Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho
 
Para um coração mesquinho
Contra a solidão agreste
Luiz Gonzaga é tiro certo
Pixinguinha é inconteste
Tome Noel, Cartola, Orestes
Caetano e João Gilberto

Viva Erasmo, Ben, Roberto
Gil e Hermeto, palmas para
Todos os instrumentistas
Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethania, Rita, Clara
Evoé, jovens à vista

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Vou na estrada há muitos anos
Sou um artista brasileiro


O NACIONAL E O REGIONAL NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA
 Ruben George Oliven
                Analisando o regionalismo brasileiro, Weinstein assinala que a proclamação da República no Brasil iniciou um processo de descentralização política e administrativa que, aparentemente, contrariava a tendência dominante naquela época em países da América Latina e de outros continentes nos quais estavam sendo forjadas identidades nacionais e alianças inter-regionais.
Esta autora argumenta, entretanto, que se examinarmos estes outros países, podemos verificar padrões de mudança que têm muito em. comum com o processo brasileiro de descentralização, sendo que, em geral, a burguesia emergente obteve controle sobre certos poderes dó Estado através de alianças com elites rurais em regiões mais atrasadas. Em alguns casos, em que havia sérios obstáculos físicos ou em que a transição para o modo de produção capitalista era apenas parcial, a emergência de uma burguesia que buscava poder a nível nacional podia, na verdade, fortalecer o poder das elites tradicionais a nível regional. Sob este ângulo, a história política da República Velha brasileira seria muito menos atípica do que parece. Podemos, assim, explicar o fortalecimento do regionalismo no Brasil naquele período a partir do "desenvolvimento embrionário e desigual de relações de produção capitalistas e da constante importância da agricultura de exportação" (Weinstein, 1982, p. 275).
Provavelmente em decorrência das transformações sociais que estavam ocorrendo, constata-se que durante a República Velha acentua-se a tendência de pensar a organização da sociedade e do Estado no Brasil e de discutir a questão da nacionalidade e da região em nosso pais. Naquela época ─ como atualmente ─ o pensamento de nossa intelectualidade oscila no que diz respeito a estas questões. Assim, em certos momentos nossa cultura è profundamente desvalorizada por nossas elites, tomando-se em seu lugar a cultura européia (ou mais recentemente a norte-americana) como modelo. Como reação, em outros momentos nota-se que certas manifestações da cultura brasileira passam a ser extremamente valorizadas, exaltando-se nossos símbolos nacionais (Oliven, 1982).
O primeiro processo é representado por uma série de intelectuais como Sílvio Romero, Euclides da Cunha, Nina Rodrigues, Oliveira Viana e Arthur Ramos que, preocupados em explicar a sociedade brasileira através da interação da raça e do meio geográfico, são profundamente pessimistas e preconceituosos em relação, ao brasileiro que é caracterizado entre outras coisas como apático e indolente, nossa vida intelectual sendo vista como destituída de filosofia e ciência e eivada de um lirismo subjetivista e mórbido.
O processo inverso ao que acaba de ser mencionado é representado pela valorização daquilo que seria mais autenticamente brasileiro. Esta tendência já comparece no século passado nos escritos dos representantes da escola indianista da nossa literatura e atinge seu apogeu nos romances de José de Alencar, nos quais valorizam-se nossas raízes nacionais: o índio, a vida rural etc. Esta tendência a exaltar as virtudes do caráter brasileiro tem seqüência no nosso século e é também uma constante na nossa vida intelectual (.Pereira de Queiroz, 1980).
O movimento modernista de 1922, com toda sua complexidade e diferenciação ideológica, representa um divisor de águas neste processo. Por um lado significa a reatualização do Brasil em relação aos movimentos culturais e artísticos que ocorrem no exterior; por outro lado implica também em buscar novas raízes nacionais valorizando o que haveria de mais autêntico no Brasil.
Uma das grandezas do movimento consiste justamente em ter colocado tanto a questão da atualização artístico-cultural de uma sociedade subdesenvolvida, como a problemática da nacionalidade. Neste sentido, a partir da segunda fase do modernismo (1924 em diante), o ataque ao passadismo é substituído pela ênfase na elaboração de uma cultura nacional, ocorrendo uma redescoberta do Brasil pelos brasileiros. Apesar de um certo bairrismo paulista, os modernistas recusavam o regionalismo já que acreditavam que era através do nacionalismo que se chegaria ao universal. Assim, "para os modernistas, a operação que possibilita o acesso ao universal passa pela afirmação da brasilidade" (Moraes, 1978, p. 105). É o que fica claro numa carta de Mário de Andrade a Sérgio Milliet: "Problema atual. Problema de ser alguma coisa. E só se pode ser, sendo nacional. Nós temos o problema atual, nacional, moralizante, humano de brasileirar o Brasil. Problema atual, modernismo, repara bem porque hoje só valem artes nacionais... E nós só seremos universais o dia em que o coeficiente brasileiro nosso concorrer para riqueza universal" (Moraes, 1978, p. 52). Uma carta de Mário a Carlos Drummond de Andrade aponta para a mesma direção: “Nós só seremos civilizados em relação às civilizações no dia em que criarmos o ideal, a orientação brasileira. Então passaremos do mimetismo pra fase da criação. E então seremos universais, porque nacionais" (Peirano, 1984). Coerente com esta postura, Mário desenvolveu uma intensa atividade de pesquisa e viagens, visando estudar os elementos que compõem a cultura brasileira.
II
É significativo que, se o movimento modernista de 1922 (mesmo ano da fundação do Partido Comunista do Brasil e da primeira revolta tenentista) surge em São Paulo, cidade que já desponta como futura metrópole industrial, em 1926 teria sido lançado em Recife, a capital mais desenvolvida no Nordeste, o Manifesto Regionalista de Gilberto Freyre (1). O movimento de 1926 ─ que cinqüenta anos mais tarde ele chamaria de "regionalista, tradicionalista e a seu modo, modernista" ─ tem um sentido, de certa maneira, inverso ao de 1922 (2). Trata-se de um movimento que não exalta a inovação que atualizaria a cultura brasileira em relação ao exterior, mas que deseja, ao contrário, preservar não só a tradição em geral, mas especificamente a de uma região economicamente atrasada.
O Manifesto Regionalista desenvolve basicamente dois temas interligados: a defesa da região enquanto unidade de organização nacional e a conservação dos valores regionais e tradicionais do Brasil em geral e do Nordeste em particular.
A análise do documento é extremamente elucidativa. Ele começa afirmando a existência, em Recife, de um movimento de reabilitação dos valores regionais e tradicionais do Nordeste. Assim, todas as terças-feiras um "grupo apolítico de ‘Regionalistas’ se reúne em volta da mesa do chá com sequilhos e doces tradicionais da região (...) preparados por mãos de sinhás" (Freyre, 1976, p. 54), para discutir de forma descontraída problemas desta parte do Brasil.
Apesar do tom "apolítico" e modesto, Freyre é categórico a respeito da ambição do grupo: "Nosso movimento não pretende senão inspirar uma nova organização do Brasil" (Freyre, 1976, p. 55). Esta proposta de reorganização do país visando consolidar a sociedade brasileira é formulada através de um modelo político-administrativo calcado na região enquanto elemento constitutivo da nação, pois é o conjunto de regiões e não uma coleção arbitrária de estados que formaria de fato o Brasil. Como desde seu início o país teria sido composto por regiões naturais a que se sobrepuseram regiões sociais, é preciso administrá-lo regionalmente.
A necessidade de reorganizar o Brasil ─ primeiro tema central do Manifesto e preocupação constante de pensadores brasileiros do fim do século passado e começo deste ─ decorreria do fato de ele sofrer, desde que é nação, as conseqüências maléficas de modelos estrangeiros que lhe são impostos sem levarem consideração suas peculiaridades e sua diversidade física e social.
Como se pode perceber, a formulação de um sistema alternativo de organização do Brasil está ancorada na denúncia da importação de modelos alienígenas considerados incompatíveis com nossas peculiaridades. A discussão sobre a conveniência ou não de importar modelos e idéias estrangeiros é um tema recorrente entre nossos intelectuais e dele o Manifesto de 1926 tratará também ao analisar a questão da tradição.
Ao frisar a necessidade de uma articulação inter-regional, Freyre toca num ponto importante e atual, ou seja, como propiciar que as diferenças regionais convivam no seio da unidade nacional em um país de dimensões continentais como o Brasil. Este tipo de preocupação comparece também em trabalhos posteriores deste autor. Numa conferência proferida em 1944 nos Estados Unidos e sugestivamente intitulada "Unidade e Diversidade, Nação e Região", ele afirma que "uma região pode ser politicamente menos do que uma nação. Mas vitalmente ,e culturalmente é mais do que uma nação; é mais fundamental que a nação, como condição de vida e como meio de expressão ou de criação humana. Um filósofo, no legítimo sentido, tem que ser super ou supranacional; mas dificilmente ele pode ser supra-regional no sentido de ignorar as condições regionais da vida, da experiência, da cultura, da arte e do pensamento que lhe cabe julgar ou analisar" (Freyre, 1947, p. 140-1).
É justamente a uma conclusão semelhante que chegaram os modernistas a partir da segunda fase do movimento quando se deram conta de que a única maneira de ser universal é ser nacional antes. Guardadas as proporções, o que Freyre está afirmando é que o único modo , de ser nacional num país de dimensões como o Brasil, é ser primeiro regional.
Mas seu modo de argumentar é, de certa maneira, o inverso dos modernistas, já que não está alicerçado numa atualização cultural através de valores modernos vindos do exterior, mas ao contrário na crítica aos malefícios do progresso e da importação de costumes e valores estrangeiros. Assim, por exemplo, ao analisar o Nordeste, ele afama que esta região estaria perdendo a consciência de seus valores históricos e de suas possibilidades devido à padronização decorrente da conquista industrial do mundo e aos efeitos de influências semelhantes no Brasil: "O perigo da monotonia cultural ou da excessiva unificação de cultura no continente americano provém da influência do industrialismo capitalista norte-americano, largamente dominado peia idéia de que o que é bom para o norte-americano deve ser bom para todos os outros povos da América" (Freyre, 1947, p. 144-5).
Para quem acompanhou os acalorados debates sobre os destinos do Brasil durante a fase populista de nossa história, o final desta citação lembra imediatamente as críticas que se faziam aos políticos que afirmavam que "o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil". Claro que a perspectiva de Freyre e a dos populistas são bastante distintas. O primeiro poderia ser rotulado de "conservador" e os segundos de "progressistas" como eles freqüentemente se autodenominavam. Entretanto, ambas as perspectivas têm em comum a crítica à influência do capital estrangeiro sobre o país e sobre a cultura brasileira.
A conservação dos valores regionais e tradicionais do Brasil em geral e do Nordeste em particular é o segundo grande tema do Manifesto Regionalista. Freyre começa falando em defender os valores e as tradições do Nordeste "do perigo de serem de todo abandonadas, tal o furor neófito de dirigentes que, entre nós, passam por adiantados e `progressistas' pelo fato de imitarem cega e desbragadamente a novidade estrangeira. A novidade estrangeira de modo geral. De modo particular, nos Estados ou nas Províncias, o que o Rio ou São Paulo consagram como `elegante' e como ‘moderno’: inclusive esse carnavalesco Papai Noel que, esmagando com suas botas de andar em trenó e pisar em neve, as velhas lapinhas brasileiras, verdes, cheirosas, de tempo de verão, está dando uma nota de ridículo aos nossos natais de família, também enfeitados agora com arvorezinhas estrangeiras mandadas vir da Europa ou dos Estados Unidos pelos burgueses mais cheios de requififes e de dinheiro" (Freyre, 1976, p. 56-7).
Trata-se de uma crítica ao hábito que nossas elites tem de arremedar os costumes que julgam modernos, tendência já apontada por Maria Isaura Pereira de Queiroz no que diz respeito à cidade do Rio de Janeiro por ocasião da vinda da família real no começo do século passado (Pereira de Queiroz, 1973). A crítica lembra também um pouco a noção das "idéias fora do lugar" de Roberto Schwartz no que diz respeito à adoção de ideologias alienígenas, que eram então reelaboradas para se adequarem às necessidades locais (Schwartz, 1977).
É significativo que ao fazer a defesa intransigente dos valores do Nordeste e da necessidade de preservá-los, Freyre escolha itens do que é considerado atraso e/ou símbolo de pobreza. Assim, por exemplo, ele tece um elogio dos mucambos como exemplo de contribuição do Nordeste à cultura brasileira, no sentido de abrigo humano adaptado à natureza tropical e como solução econômica do problema da casa pobre: "a máxima utilização, pelo homem, na natureza regional, representada pela madeira, pela palha, pelo cipó, pelo capim fácil e ao alcance dos pobres" (Freyre, 1976, p. 59).
O texto também faz uma defesa das ruas estreitas e critica a tendência já então existente de construir grandes avenidas e a mania de mudar nomes regionais de ruas e lugares velhos (como Rua do Sol, Beco do Peixe Frito, Rua da Saudade) para nomes de poderosos do dia, ou datas politicamente insignificantes.
Outro aspecto defendido por Freyre é a culinária do Nordeste. Depois de afirmar que toda tradição da culinária nordestina está em crise e que o doce de lata e a conserva imperam, Freyre vaticina que "uma cozinha em crise significa uma civilização inteira em perigo: o perigo de descaracterizar-se. As novas gerações de moças já não sabem, entre nós, a não ser entre a gente mais modesta, fazer um doce ou guisado tradicional e regional. Já não têm gosto e nem tempo para ler os velhos livros de receitas de família. Quando a verdade ê que, depois dos livros de missa, são os livros de receitas de doces e de guisados os que devem receber das mulheres leituras mais atenta. O senso de devoção e a obrigação devem completar-se nas mulheres do Brasil, tornando-as boas cristãs, e, ao mesmo tempo, boas quituteiras, para assim criarem melhor os filhos e concorrerem para a felicidade nacional. Não há povo feliz quando às suas mulheres falta a arte culinária. É uma falta quase tão grave como a da fé religiosa" (Freyre, 1976, p. 72-3).
Ao se erigirem bastião da defesa do popular que precisa ser protegido do "mau cosmopolitismo e do falso modernismo" (Freyre, 1976, p. 80), o autor do Manifesto constrói uma oposição que em última análise resume-se a: popular e regional equivalem a tradicional (e bom), ao passo que cosmopolitismo equivale a modernismo (e ruim). Sua posição aproxima-se muito da visão dos românticos que se ocuparam da cultura popular na Europa do século passado e para os quais a autenticidade contida nas manifestações populares constituiria a essência do nacional. Nesta perspectiva, o povo é visto como "uma totalidade homogênea e autônoma, cuja atividade espontânea seria a mais alta expressão dos valores humanos e o modelo de vida ao qual deveríamos regressar" (Canclini, 1983, p. 44).
Isto fica claro, por exemplo, quando Freyre afirma que "no Nordeste, quem se aproxima do povo desce a raízes e a fontes de vida, de cultura e de arte regionais. Quem se chega ao povo está entre mestres e se torna aprendiz, por mais bacharel em artes que seja ou por mais doutor em medicina. A força de Joaquim Nabuco, de Sílvio Romero, de José de Alencar (...), de outras grandes expressões nordestinas da--cultura e do espírito brasileiro, veio principalmente do contacto que tiveram, quando meninos de engenho ou de cidade, ou já depois de homens feitos, com a gente do povo (...)" (Freyre, 1976, p. 76).
A comparação com os românticos europeus do século passado é esclarecedora. Analisando a posição deles na Alemanha do século passado, Ortiz mostrou como naquela época a, problemática da nacionalidade era uma questão central já que a nação alemã não existia enquanto unidade política e cultural: "É neste contexto que surge o debate sobre a cultura popular; parte da intelligentsia alemã volta sua atenção para as tradições populares e através delas procura legitimar uma cultura autenticamente nacional" (Ortiz, 1985, p. 11).
O mesmo autor assinala que "enquanto o modernismo se vincula ao avanço é a consolidação de uma burguesia urbana, Gilberto Freyre representa a dimensão de um poder aristocrático rural que se vê ameaçado. O conflito pode ser claramente descrito como a luta entre os intelectuais de uma ordem social que se faz ultrapassar pela história, e os intelectuais orgânicos de um novo tipo de sociedade que se constrói" (Ortiz, 1980, p. 13).
Ater-se, entretanto, apenas ao caráter conservador do Manifesto não esgota seu sentido. Na verdade, sua releitura, passados mais de sessenta anos de seu lançamento, impressiona pela atualidade dos temas suscitados. Chama a atenção como um documento que teria sido elaborado na década de vinte, trata de questões que no final do século continuam sendo importantes e que estão longe de terem sido resolvidas.
Poder-se-ia argumentar que há pelo menos duas leituras que podem ser feitas do Manifesto Regionalista. A primeira veria nele um documento elaborado por um intelectual que representa uma aristocracia rural e que vê a ordem social passar por transformações que colocam em cheque o padrão tradicional de denominação. Sua reação é de cunho tradicionalista e saudosista e assemelha-se à reação aristocrática frente às mudanças decorrentes da urbanização e da industrialização e que estavam vazadas numa crítica à perda dos valores comunitários e da pureza cultural que supostamente teriam existido no passado.
Nesta linha de interpretação, poder-se-ia enxergar, na defesa da região, uma estratégia de quem vê as oligarquias nordestinas perderem cada vez mais o poder e tentarem opor ao poder central uma união das periferias regionais. De modo semelhante, poder-se-ia buscar na defesa intransigente das tradições e valores populares uma posição saudosista que procura erigir uma cultura popular cristalizada em símbolo de nacionalidade a ser contraposto a uma modernidade definida como estrangeira.
Uma segunda leitura, sem descartar nenhum destes argumentos, ressaltaria, entretanto, que por trás da orientação conservadora do Manifesto estão temas que continuam sendo muito atuais no Brasil. É justamente na fusão de uma perspectiva conservadora com o levantamento de questões ainda não resolvidas no Brasil, que reside a originalidade do Manifesto Regionalista.
De fato, o Manifesto suscita uma série de questões que são recorrentes em nossa história: estado unitário versus federação, nação versus região, unidade versus diversidade, nacional versus estrangeiro, popular versus erudito, tradição versus modernidade.
Continuamos discutindo a formulação de modelos para organizar a nação e este debate acaba inevitavelmente passando pela discussão do que é nacional (e portanto autêntico para uns, mas atrasado para outros) e o que é estrangeiro (e portanto espúrio para uns, mas moderno para outros). Ou seja, continuamos girando em torno da questão da identidade nacional. Esta questão é reposta e reatualizada à medida que novos contextos são criados.
                                                                                              III
Se a República Velha caracterizou-se pela descentralização política e administrativa, a República Nova reverte esta tendência e acentua uma crescente centralização nos mais variados níveis. Este processo precisa ser entendido como decorrência de importantes transformações que vinham sendo gestadas nas primeiras décadas deste século e que assumiram uma dimensão mais ampla a partir da década de trinta.
Em poucas palavras, estas mudanças foram a formação de uma indústria de substituição de importação de bens não duráveis, o crescimento de cidades que eram centros de mercados regionais, a crise do café, a falência do sistema baseado em combinações políticas entre as oligarquias agrárias (a "política dos governadores") e o surgimento de revoltas sociais e militares que começaram na década de vinte e culminaram com a Revolução de 1930. Estes processos em curso durante a República Velha e as conseqüências da crise mundial de 1929 colocaram em marcha mudanças que afetaram o país de modo fundamental.
É a partir deste período que um aparelho de Estado mais centralizado é criado e que o poder se desloca crescentemente do âmbito regional para o nacional. Do ponto de vista econômico, por exemplo, o Estado abole impostos interestaduais e passa a intervir mais na economia ajudando a fazer com que parte do excedente criado pelas oligarquias agrárias fosse usado para iniciar um novo processo de industrialização, embora mantendo os privilégios destas oligarquias sob uma forma alterada. No plano social, o Estado regulamenta as relações entre o capital e o trabalho, criando uma legislação trabalhista e um Ministério do Trabalho. Cria-se também o Ministério da Educação a quem caberia um papel fundamental na constituição da nacionalidade, o que deveria ser feito através da impressão de um conteúdo nacional à educação, veiculada pelas escolas, da padronização do sistema educacional e da erradicação das minorias étnicas (Schwartzman, Bomeny & Costa, 1984).
Neste período as ideologias sobre o caráter nacional brasileiro que enfatizavam a dificuldade de construir uma verdadeira cultura no Brasil devido à miscigenação racial, cedem lugar a posições, como a de Gilberto Freyre, que frisam a idéia de que no Brasil haveria uma "democracia racial".
A partir desta época é preciso repensar o país que experimenta um processo de consolidação política e econômica e que terá que enfrentar as conseqüências da crise de 1929 e da Segunda Guerra Mundial. O nacionalismo ganha ímpeto e o Estado se firma. De fato, é ele que toma a si a tarefa de constituir a nação. Esta tendência acentua-se muito com a implantação do Estado Novo, ocasião em que os governadores eleitos são substituídos por interventores e as milícias estaduais perdem força, medidas que aumentam a centralização política e administrativa. No plano da cultura e da ideologia, a proibição do ensino em línguas estrangeiras, a introdução da disciplina de Moral e Civismo, a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (que tinha a seu cargo, além da censura, a exaltação das virtudes do trabalho) ajudam a criar um modelo de nacionalidade centralizado a partir do Estado.
E significativo que a Constituição decretada por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, e que deu início ao Estado Novo, tenha suprimido as bandeiras estaduais, ao afirmar no seu artigo 2°: "A bandeira, o hino, o escudo e as armas nacionais são de uso obrigatório em todo o país. Não haverá outras bandeiras, hinos, escudos e armas. A lei regulará o uso dos símbolos nacionais" (Nova Constituição..., 1937, p. 3).
Menos de um mês após a implantação do Estado Novo, Vargas mandou realizar a cerimônia da queima das bandeiras estaduais, que teve lugar na Esplanada do Russell no Rio de Janeiro, para simultaneamente comemorar a Festa da Bandeira (cuja celebração tinha sido adiada) e render homenagem às vítimas da "Intentona Comunista" de 1935. Nesta cerimônia, que marca a nível simbólico uma maior unificação do país e um enfraquecimento do poder regional e estadual, foram hasteadas vinte e uma bandeiras nacionais em substituição às vinte e uma bandeiras estaduais que foram incineradas numa grande pira erguida no meio da praça, ao som do Hino Nacional tocado por várias bandas e cantado por milhares de colegiais, sob a regência do maestro Heitor Villa Lobos.
À queima das bandeiras seguiu-se o discurso do Ministro da Justiça, Francisco Campos, no qual ele afirmou: "Bandeira do Brasil, és hoje a única. Hasteada a esta hora em todo o território nacional, única e só, não há lugar no coração dos brasileiros para outras flâmulas, outras bandeiras, outros símbolos. Os brasileiros se reuniram em torno do Brasil e decretaram desta vez com determinação de não consentir que a discórdia volte novamente a dividi-lo, que o Brasil é uma só pátria e que não há lugar para outro pensamento do Brasil, nem espaço e devoção para outra bandeira que não seja esta, hoje hasteada por entre as bênçãos da Igreja e a continência das espadas e a veneração do povo e os cantos da juventude. Tu és a única, porque só há um Brasil ─ em torno de ti se refaz de novo a unidade do Brasil, a unidade de pensamento e de ação, a unidade que se conquista pela vontade e pelo coração, a unidade que somente pode reinar quando se instaura pelas decisões históricas, por entre as discórdias e as inimizades públicas, uma só ordem moral e política, a ordem soberana, feita de força e de ideal, a ordem de um único pensamento e de uma só autoridade, o pensamento e a autoridade do Brasil" (Correio da Manhã, 1937, p. 3).
A cerimônia da queima das bandeiras marca, a nível simbólico, o enfraquecimento do poder regional e estadual e pode ser vista como um ritual de unificação da nação sob a égide do Estado.
De fato, as modificações que ocorrem no período de 1930 a 1945 são profundas. Assim, quando, no fim da Segunda Guerra Mundial, termina o Estado Novo e é eleita uma Assembléia Nacional Constituinte com a tarefa de pensar um novo modelo de organização administrativa e política, o Brasil já é um país diferente. Começávamos a perder nossa vocação agrária, a manufatura já sendo responsável por 20% do produto doméstico bruto. A construção de rodovias e a abolição da autonomia dos estados ajudou a unificar o mercado interno bem como a diminuir o poder das oligarquias locais. A migração campo-cidade acentuou-se e criou um novo protagonista no cenário político: as massas urbanas que seriam interpeladas como agentes sociais pelo populismo.
A problemática do nacional versus estrangeiro e a do Estado federativo versus Estado unitário tem sido uma constante na vida política do Brasil. Assim, no pós-guerra, mais especificamente no período de 1946 a 1964, a questão nacional é retomada com intensos debates dos quais o ISEB e o CPC seriam exemplos eloqüentes. Nesta época, uma das acusações que pairavam em relação a nossos intelectuais era a de que eles seriam colonizados e que contribuíam para criar uma cultura alienada, resultado de nossa situação de dependência. Daí a necessidade de uma vanguarda para ajudar a produzir uma autêntica cultura nacional para o povo, categoria bastante vaga e policlassista.
Os temas do progresso e da modernidade também eram candentes neste período. Tratava-se de vencer nossa condição de subdesenvolvimento, batalha na qual a indústria era um elemento-chave. Surgem indústrias de substituição de importação, desta vez de bens duráveis, criando assim uma dependência maior em relação ao capital estrangeiro. No mesmo período são criados órgãos como a SUDENE, cuja finalidade explícita era reduzir as desigualdades regionais, das quais o Nordeste era considerado um exemplo candente.
A construção de Brasília, que iria propiciar uma marcha para o oeste e conseqüente integração territorial, suscita debates acalorados que questionam a necessidade de gastar tanto dinheiro em sua realização e o arrojo de sua arquitetura considerada extremamente moderna e avançada.
A partir de 1964 há uma crescente centralização política, econômica e administrativa, através da integração do mercado nacional, da implantação de redes de estradas, de telefonia, de comunicação de massa, da concentração de tributos a nível federal, do controle das forças militares estaduais pelo Exército e da ingerência na política estadual. Todos estes processos diminuíram o poder dos estados substancialmente, de modo que se compararmos a figura dos presidentes de estado da Primeira República com a dos governadores eleitos por via indireta depois de 1964, veremos que estes últimos, via de regra, não passaram de prepostos do Presidente da República numa situação semelhante a dos interventores do Estado Novo, ao passo que os primeiros desfrutaram uma considerável autonomia.
O novo regime levou a acumulação de capital a patamares mais elevados, o que foi feito em associação com o capital estrangeiro. Houve uma nova substituição de importações, de modo que atualmente se produzem quase todos os bens de consumo dentro das fronteiras nacionais, vários deles sendo inclusive exportados. Entre estes bens estão os bens simbólicos.
Configura-se uma nova situação do ponto de vista econômico, político e cultural. O movimento tropicalista que iniciou em 1968, além de retomar temas do modernismo, mostrou no plano do simbólico que a realidade brasileira tinha mudado muito. De fato, o Brasil passou por um processo de desenvolvimento desigual e combinado, criando um quadro em que há simultaneamente uma miséria extrema e elementos de progresso técnico e de modernidade. É significativo que os criadores do tropicalismo tenham sido artistas do Nordeste, região que continuava em seu processo de periferização.
Neste período o debate sobre o nacional e o regional continua, mas é recolocado em novos termos. Novamente o Estado avoca a si o papel de ser o criador e bastião da identidade nacional, responsável simultaneamente por promover o progresso e manter acesa a memória nacional. O fato de este mesmo Estado ter propiciado uma intensa desnacionalização da economia não é visto como contraditório, uma vez que estas duas questões são tidas como desvinculadas. É significativo, neste sentido, que são justamente grandes empresas multinacionais como a Shell e a Xerox que fazem a defesa de nosso folclore em suas cidades.
Com a luta pela redemocratização do país e com o processo de "abertura" política que marcaram o fim do ciclo militar e culminaram na Nova República, velhas questões começam a vir à tona novamente. Assim, apesar ─ ou talvez por causa ─ da crescente centralização, observam-se atualmente tendências contrárias a ela, que se manifestam através da ênfase da necessidade de um verdadeiro federalismo, da proclamação das vantagens de uma descentralização administrativa, do clamor por uma reforma tributária que entregue mais recursos para os estados e municípios, e da afirmação de identidades regionais e estaduais que salientam suas diferenças em relação ao resto do Brasil.
Assim, no acordo da Aliança Nacional que viabilizou a eleição de Tancredo Neves para presidente, o Nordeste reivindicou e obteve a vice-presidência, o que não surpreende dado o seu peso no colégio eleitoral. No caso, o regionalismo serviu como instância de reivindicação política em que a tônica é a desigualdade da qual o Nordeste seria vítima.
Mas entre as reivindicações regionais está não somente a do Nordeste, mas também a de outros lugares, como, por exemplo, o Rio Grande do Sul, cujas elites reclamam maiores benefícios para o estado, argumentando que ele estaria se esvaziando economicamente e perdendo a importância política que desfrutava no passado. No Rio Grande do Sul está havendo também um ressurgimento da cultura gaúcha, o que pode ser visto como a afirmação de uma identidade regional (Oliven, 1984).
A afirmação de identidades regionais no Brasil pode ser encarada como uma reação à homogeneização cultural e como uma forma de salientar diferenças culturais. Esta redescoberta das diferenças e atualidade da questão da federação, numa época em que o país se encontra bastante integrado do ponto de vista político, econômico e cultural, sugere que no Brasil o nacional passa primeiro pelo regional.
  
Notas Biográficas

 1 - Joaquim Inojosa afirma que o Manifesto Regionalista não foi publicado em 1926, mas sim em 1952, data em que Gilberto Freyre provavelmente o teria redigido (Inojosa, 1978). O autor do Manifesto afirma que o texto foi lido em 1926, no Primeiro Congresso Brasileiro de Regionalismo realizado em Recife, e publicado em primeira edição em 1952 (Freyre, 1976, p. 52).

 2 -Num documento elaborado para comemorar os cinqüenta anos do Manifesto, seu autor afirma que "enquanto a Semana de Arte de São Paulo e o modernismo do Rio (...) se esmeraram (...) em renovações, aliás admiráveis, em setores eruditos da cultura. (...) o Movimento do Recife, sem deixar de incluir importações dessa espécie, empenhou-se também em, desde o seu início, pesquisar, reinterpretar, valorizar inspirações vindas das raízes telúricas, tradicionais, orais, populares, folclóricas, algumas como que antropologicamente intuitivas, da mesma cultura. Coisas cotidianas, espontâneas, rústicas, desprezadas pelos, em arte ou em cultura, sensíveis somente ao requintado e ao erudito. Coisas tidas como desprezivelmente arcaicas em arte úteis, ao mesmo tempo que decorativas. algumas delas, como a do móvel e a da arquitetura doméstica, já adaptadas a ecologias e a tradições regionais. O caso também da arte da renda, da do bordado, da da talha e o ─ escândalo, repita-se, para a época em que surgiu o movimento ─ da da cozinha, da do bolo, da do doce, da da bebida com sucos de frutas nacionais e regionais, a das batidas: quase tudo ainda feito em casa mas susceptíveis de industrializar-se sem perderem tais valores, até então tão desprezados, seus toques ou sabores caseiros" ("O Movimento Regionalista. Tradicionalista e. a seu modo, Modernista do Recife". in Freire. 1976. p. 28).

  

Bibliografia

 CANCLINI, Nestor García. As culturas populares no capitalismo. São Paulo, Brasiliense, 1983.

 FREYRE, Gilberto. "Unidade e diversidade, Nação e Região". In: Interpretação do Brasil Rio de Janeiro, José Olympio, 1947.

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 INOJOSA, Joaquim. Pá de cal. Rio de Janeiro, Editora MeioDia, 1978.

 MORAES, Eduardo Jardim de. A brasilidade modernista. Rio de janeiro, Graal, 1978.

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 OLIVEN, Ruben George. "A cultura brasileira e a identidade. nacional da década de oitenta". In: Violência e cultura Do Brasil. Petrópolis, Vozes, 1982.

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 ORTIZ, Renato. "Cultura popular e memória nacional". Cadernos CERU (13), 1980.

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 PEIRANO, Mariza G. S. O antropólogo como cidadão: Louis Dumont e o caso brasileiro. Brasília, Universidade de Brasília, 1984 (Série Antropologia, n° 4).

 PEREIRA DE QUEIROZ, Maria Isaura. "Do rural ao urbano no Brasil". In : SZMERCSÁNYI, Tamás & QUEDA, Oriowaldo (orgs.). Vida rural e mudança social. São Paulo, Editora Nacional, 1973.

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 SCHWARTZ, Roberto. "As idéias fora do lugar". In: Ao vencedor as batatas. São Paulo, Duas Cidades, 1977.

 SCHWARTZMAN, Simon; BOMENY, Helena Maria Busquet & COSTA, Vanda Maria Ribeiro. Tempos de Capanema. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1984.

 WEINSTEIN, Barbara. "Brazilian regionalism". Latin American research review. 17 (2). 1982.


14/02/2011

Sociologia – introdução a sociologia

Sociologia:
*       ciência humana, estuda as unidades que formam a sociedade ( comportamento);
*       Sociedade - associações, grupos, instituições;
*       Estuda fenômenos sociais, tentando explicá-los;
*       Analisando o homem em suas relações interdependências ( família, trabalho,social );
*       Conhecimento sociológico – via conceitos, teorias e métodos, constitui instrumento de compreensão das situações da vida cotidiana;
*       Disciplina, a partir do século XVIII surge como disciplina
*       Estuda a macroestrutura, raça, etnia, classe, gênero e família;

Pensadores:
*       Augusto Comte (1798-1857) pai da sociologia, primeiro pensador moderno –“para a sociedade funcionar corretamente, precisa estar organizada” – positivista.
*       Karl Marx (1818-1883), revolucionário, fundador da doutrina comunista moderna, sociedade dividida em duas classes: capitalistas e proletários. Relações de produção, forma como os homens se organizam para executar a atividade produtiva, acarreta desigualdade, dando origem à luta de classes.
*       Émile Durkheim (1858-1917) fundador da escola francesa de Sociologia, lutou para fazer das Ciências Sociais uma disciplina rigorosamente cientifica, deve estudar fatos sociais.
*       Max Weber (1864-1920) a sociedade não funciona de forma tão simples e nem pode ser harmoniosa, não propõe revolução, afirma que o papel da Sociologia é observar e analisar os fenômenos que ocorrem na sociedade, buscando extrair o máximo de ensinamento
*       Florestan Fernandes (1920-1995) o mais importante sociólogo brasileiro, nasceu em SP, morou na bairro de Perus, fundador e principal representante da Sociologia crítica no Brasil, procura refletir sobre as desigualdades sociais, desvendando as contradições da sociedade de classes, “ eu nunca teria sido o sociólogo em que me converti sem o meu passado e sem a socialização pré e extra escolar que recebi, através das duras lições de vida(...) Iniciei a minha aprendizagem sociológica aos seis anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que é a convivência humana e a sociedade “

Em suma: a Sociologia de Comte e Durkheim são positivistas; a de Marx é revolucionária e a de Max Weber é compreensiva. E nisto talvez esteja a principal diferença entre esse quatro grandes pensadores da Sociologia. Florestan Fernandes foi eleito deputado constituinte pelo Partido dos Trabalhadores.

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