segunda-feira, 20 de junho de 2011

Texto pesquisa responder EUMA e EFMA


SOCIOLOGIA – material para responder questionário -  UEMA e UFMA – 2 bimestre
 MOVIMENTO SOCIAL
Apesar do movimento social ser fruto de determinados contextos históricos e sociais, duas definições conceituais clássicas podem ser encontradas no objetivo de acrescer à questão. A primeira delas é a de controle de ação histórica de Alain Touraine, ou seja, para ele, os movimentos sociais são a ação conflitante dos agentes das classes sociais (luta de classes). Já para Manuel Castells, movimentos sociais são sistemas de práticas sociais contraditórias de acordo com a ordem social urbana/rural, cuja natureza é a de transformar a estrutura do sistema, seja através de ações revolucionárias ou não, numa correlação classista e em última instância, o poder estatal.  Segundo Scherer-Warren, pode-se, portanto, concluir que a sociedade civil é a representação de vários níveis de como os interesses e os valores da cidadania se organizam em cada sociedade para encaminhamento de suas ações em prol de políticas sociais e públicas, protestos sociais, manifestações simbólicas e pressões políticas. Num primeiro nível, encontramos o associativismo local, como as associações civis, os movimentos comunitários e sujeitos sociais envolvidos com causas sociais ou culturais do cotidiano, ou voltados a essas bases, como são algumas Organizações Não-Governamentais (ONGs).
DOMINAÇÃO LEGITIMA
Em sociologia, legitimação é a ação de conferir legitimidade a um ato, um processo ou uma ideologia, de modo que se torne aceitável para uma comunidade. O poder é habitualmente legitimado através da autoridade. Enquanto "legitimidade" pressupõe consenso mais ou menos generalizado, a legitimação refere-se ao modo de obtenção desse consenso entre os membros de uma coletividade.[1] Um monarca absoluto, por exemplo, era legitimado com base no direito divino dos reis.
A doutrina maquiavélica, segundo a qual o poder não provém de Deus, nem da razão, nem de uma ordem natural hierárquica, levou os governantes a buscarem legitimação e justificação para o exercício do poder. O poder tornou-se laico desde Maquiavel e tornou-se necessário buscar uma nova justificativa para ele, cujo fundamento já não se encontrasse mais em Deus, na ordem da natureza ou na própria razão.     Paralelamente às teorias do direito divino dos reis, surgiram teorias políticas não teocráticas, definidas como o contratualismo dos séculos XVII e [[século XVIII|XVIII], que se contrapõem ao fundamento natural da sociedade e do poder, sustentando que a sociedade é o resultado de um pacto ou contrato hipotético, fruto do acordo de vontades. Pelo contrato social, os indivíduos renunciam à liberdade natural e a posse de bens, riquezas e armas, tranferindo-as para um terceiro - o soberano -, investido como autoridade política.Norberto Bobbio observa que Hobbes, Locke e Rousseaubaseiam o princípio da legitimação da sociedade política no consenso. Para Hobbes, poder e soberania pertencem ao Estado, constituído pelo corpo político, formado pela reunião ou "multidão" de homens. Para Rousseau, os indivíduos, pelo pacto social, criam a vontade geral, como corpo político. O soberano é, pois, o povo. O governante é apenas o representante da soberania popular. Da natureza da legitimação derivam os tipos de obediência, bem como o caráter e os efeitos do seu exercício. Weber distingue "as classes de dominação segundo suas pretensões típicas à legitimidade," e define os tipos puros de dominação legítima (legal-racional, tradicional e carismática) que influenciam todas as esferas da ação social. Habermas entende legitimação como decorrente da percepção, por parte dos cidadãos, de que as instituições dentro das quais eles vivem são justas, benevolentes e existem no melhor interesse deles, merecedo o seu apoio, sua lealdade e adesão. Crise de legitimação é uma condição em que uma ordem política ou um governo não é capaz de obter adesão nem de investir-se de autoridade suficiente para governar. [3]Os altos índices de abstenção eleitoral em muitas sociedades democráticas ocidentais, por exemplo, podem ser considerados como um indicador de uma crise de legitimação.
GLOBALIZAÇÃO
A globalização é um fenômeno capitalista e complexo que começou na era dos descobrimentos e que se desenvolveu a partir da Revolução Industrial. Mas o seu conteúdo passou despercebido por muito tempo, e hoje muitos economistas analisam a globalização como resultado do pós Segunda Guerra Mundial, ou como resultado da Revolução Tecnológica.
Sua origem pode ser traçada do período mercantilista iniciado aproximadamente no século XV e durando até o século XVIII, com a queda dos custos de transporte marítimo, e aumento da complexidade das relações políticas europeias durante o período. Este período viu grande aumento no fluxo de força de trabalho entre os países e continentes, particularmente nas novas colônias europeias.        Já em meio à Segunda Guerra Mundial surgiu, em 1941, um dos primeiros sintomas da globalização das comunicações: o pacote cultural-ideológico dos Estados Unidos incluía várias edições diárias de O Repórter Esso , uma síntese noticiosa de cinco minutos rigidamente cronometrados, a primeira de caráter global, transmitido em 14 países do continente americano por 59 estações de rádio, constituindo-se na mais ampla rede radiofônica mundial.            É tido como início da globalização moderna o fim da Segunda Guerra mundial, e a vontade de impedir que uma monstruosidade como ela ocorresse novamente no futuro, sendo que as nações vitoriosas da guerra e as devastadas potências do eixo chegaram a conclusão que era de suma importância para o futuro da humanidade a criação de mecanismos diplomáticos e comerciais para aproximar cada vez mais as nações uma das outras. Deste consenso nasceu as Nações Unidas, e começou a surgir o conceito de bloco econômico pouco após isso com a fundação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço - CECA.
A necessidade de expandir seus mercados levou as nações a aos poucos começarem a se abrir para produtos de outros países, marcando o crescimento da ideologia econômica do liberalismo.                Atualmente os grandes beneficiários da globalização são os grandes países emergentes, especialmente o BRIC, com grandes economias de exportação, grande mercado interno e cada vez maior presença mundial.[2] Antes do BRIC, outros países fizeram uso da globalização e economias voltadas a exportação para obter rápido crescimento e chegar ao primeiro mundo, como os tigres asiáticos na década de 1980 e Japão na década de 1970.   Enquanto Paul Singer vê a expansão comercial e marítima europeia como um caminho pelo qual o capitalismo se desenvolveu assim como a globalização, Maria da Conceição Tavares aposta o seu surgimento na acentuação do mercado financeiro, com o surgimento de novos produtos financeiros.
MODO DE PRODUÇÃO – CAPITALISTA
O capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos; decisões sobre oferta,demanda, preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo governo, os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas. É dominante no mundo ocidental desde o final do feudalismo.[1] O termo capitalismo foi criado e utilizado por socialistas e anarquistas (Karl Marx, Proudhon, Sombart) no final do século XIX e no início do século XX, para identificar o sistema político-econômicoexistente na sociedade ocidental quando se referiam a ele em suas críticas, porém, o nome dado pelos idealizadores do sistema político-econômico ocidental, os britânicos John Locke e Adam Smith, dentre outros, já desde o início do século XIX, é liberalismo.[2][3]
Socialismo científico ou Socialismo marxista foi criado por Karl Marx (1818 - 1883) e Friedrich Engels (1820 - 1895), quando estes desenvolveram a teoriasocialista, partindo da análise crítica e científica do próprio capitalismo, em reação contrária as ideias espiritualistas, românticas, superficiais e ingênuas dos utópicos.
Ao contrário dos utópicos, Marx e Engels não se preocuparam em pensar como seria uma sociedade ideal. Preocuparam-se, em primeiro lugar, em compreender a dinâmica do capitalismo e para tal estudaram a fundo suas origens, a acumulação prévia de capital, a consolidação da produção capitalista e, mais importante , suas contradições. Perceberam que o capitalismo seria, inevitavelmente, superado e destruído. Marx e Engels afirmaram, também, que o socialismo seria apenas uma etapa intermediária, porém, necessária, para se alcançar a sociedade comunista. Esta representaria o momento máximo da evolução histórica do homem, momento em que a sociedade já não mais estaria dividida em classes, não haveria apropriedade privada e o Estado, entendido como um instrumento da classe dominante, um vez que no comunismo não existiriam classes sociais.
Materialismo histórico
O materialismo histórico, pensamento desenvolvido pelo estudioso Karl Marx, fundamenta-se, inicialmente, na observação da realidade a partir da análise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo de produção. Isto significa dizer que a história está, e sempre esteve, ligada ao mundo dos homens enquanto produtores de suas condições concretas de vida e, portanto, tem sua base fincada nas raízes do mundo material, organizado por todos aqueles que compõem a sociedade. Os modos de produção são históricos e devem ser interpretados como uma maneira que os homens encontraram, em suas relações, para se desenvolver e dar continuidade à espécie.
O fato de Marx estar ligado a essa percepção material da vida e, por conseguinte, vinculado ao entendimento das relações humanas a partir dessa lógica da realidade que se faz presente no cotidiano das pessoas, nos dá a possibilidade para compreendermos que o pensamento marxista se estrutura, principalmente, por meio da inversão do pensamento Hegeliano. O propósito de uma história pautada no materialismo aparece como uma oposição ao idealismo. A realidade dos povos, segundo Marx, não pode ser explanada a partir de um parâmetro que entenda as ideias como um fator que figurem em primeiro plano, uma vez que estas somente encontram o seu valor enquanto fornecedoras dos alicerces que sustentam a imensa estrutura econômica, que nada mais é do que o próprio mundo material, o mundo real.
Materialismo Histórico A modalidade de Racionalismo proposta por Descartes (habitualmente designada por Racionalismo Cartesiano), filósofo francês da primeira metade do Século XVII, tem algumas particularidades. Uma dessas particularidades é a de que irá defender não só que alguns conhecimentos são justificados racionalmente, mas que todo o conhecimento é justificado racionalmente. Como é que ele chegará a tal conclusão?
A preocupação de Descartes é conseguir conhecimento cuja justificação seja suficiente para se estar certo disso que se conhece - que não seja possível que aquilo que se conhece seja falso. Concluem-se, portanto, desse ponto de partida que saber exige certeza daquilo que se sabe. Logo, aquilo do qual será lícito duvidar não é conhecimento.
É, por isso, que o início do processo que conduz o filósofo francês às suas conclusões é colocar, tanto quanto possível, as coisas que se julga saber em dúvida.
Com a hipótese do Génio Maligno, a dúvida atinge o seu ponto mais extremo; virtualmente tudo é objecto de dúvida, nem sequer podemos estar certos da verdade das proposições matemáticas.
No entanto, há algo de que, pelo próprio exercício de duvidar, podemos estar certos - "se penso, logo existo". Este é o primeiro conhecimento que aquele que conhece pode ter: de que pensa e de que, enquanto ser pensante, existe. E será por meio do pensamento que irá estar certo de conhecer as restantes coisas. A primeira dessas coisas e a garantia de que o "eu pensante" não pode ser sistematicamente enganado é Deus. A segunda certeza é a de que "Deus existe". Uma vez que existe e que é sumamente bom, não pode enganar-me nem deixar que me enganem sistematicamente
FATORES PROPICIARAM O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
1. Racionalismo: questiona o conhecimento fundado na tradição, na revelação (religiosa), no
bom senso e defende que o conhecimento deve basear-se na razão humana (do indivíduo),
informada pelas regras do método. Terá influência sobre teorias políticas e econômicas que
partirão da razão individual para explicarem a realidade;
2. Avanço das ciências naturais (empirismo): ressaltou a importância da experiência
sensível (empírica) como base para o conhecimento humano, consagrando o método
indutivo (parte da consideração dos fatos para chegar à formulação de leis capazes de
expressar regularidades);
3. Iluminismo: deu projeção universal e alto grau de legitimidade ao racionalismo e ao
empirismo. Preocupava-se com o debate e a divulgação livre do saber humano. Ressaltou a
importância do conhecimento técnico;
4. Revoluções políticas e econômicas (Inglaterra, França e EUA): o surgimento do
capitalismo industrial, a deterioração das condições sociais (agravada pelo aumento da pop.,
novas doenças e acidentes relacionadas ao trabalho industrial, falência de tradicionais
instituições camponesas, crescimento das cidades e violência urbana) e as revoluções do
final do século XVIII, resultaram numa série de fenômenos políticos e sociais que careciam de explicação e análise.                                                    
FATO SOCIAL
A sociologia do francês Émile Durkheim (1858-1917) adota uma posição que rejeita as interpretações biológicas ou psicológicas do comportamento dos indivíduos, este focaliza os determinantes sócio-estruturais na explicação da vida e dos problemas sociais.  Para ele, existem “fatos sociais” que são o assunto da sociologia e que influenciam e condicionam as atitudes e os comportamentos dos indivíduos na sociedade.  Esses fatos sociais são reais, objetivos, sólidos, sui generis, isto é, não reduzíveis a realidades biológicas, psicológicas, climáticas, etc.  Esses fatos sociais são relações sociais exteriores aos indivíduos que perduram no tempo, enquanto indivíduos particulares morrem e são substituídos por outros.  Os fatos sociais não são somente exteriores ao indivíduo mas possuem “um poder coercitivo... pelo qual se impõem a ele, independentemente de sua vontade individual”.  Os constrangimentos, seja na forma de leis ou costumes, se manifestam cada vez que as demandas sociais são violadas pelo indivíduo.  Assim, para Durkheim, o indivíduo sente, pensa e age condicionado e até determinado por uma realidade social maior, a sociedade ou a classe.  Durkheim define o fato social como “cada maneira de agir, fixa ou não, capaz de exercer um constrangimento (uma coerção) externo sobre o indivíduo”.  Alguém pode, por exemplo, pensar que age por vontade e decisão pessoal; na realidade, age-se deste ou daquele modo por força da estrutura da sociedade, isto é, das  normas e padrões estabelecidos. Antes de indagarmos qual o método que convém ao estudo dos fatos sociais, é necessário sabermos que fatos podem ser assim chamados.  A questão é tanto mais necessária quanto esta qualificação é utilizada sem muita precisão. Empregam-na correntemente para designar quase todos os fenômenos que se passam no interior da sociedade, por pouco que apresentem, além de certa generalidade, algum interesse social.  Todavia, desse ponto de vista, não haveria por assim dizer nenhum acontecimento humano que não pudesse ser chamado de social.  Cada indivíduo bebe, dorme, come, raciocina e a sociedade tem todo o interesse em que estas funções se exerçam de modo regular.  Porém, se todos esses fatos fossem sociais, a sociologia não teria objeto próprio e seu domínio se confundiria com o da biologia e da psicologia.
Na verdade, porém, há em toda sociedade um grupo determinado de fenômenos com caracteres nítidos, que se distingue daqueles estudados pelas outras ciências da natureza.

MODO DE PRODUÇÃO SOCIALISTA
O modo de Produção comunista

Marx e Engels elaboraram minuciosamente o modo de produção comunista. Segundo eles o comunismo seria dividido em duas fases. Durante a primeira fase, o socialismo, Marx propõe a divisão da produção segundo o trabalho, pois primeiro não haveria produção suficientemente para distribuir segundo as necessidades, segundo a mentalidade coletiva ainda estaria vinculada a moral burguesa e, por isso, o homem não poderia trabalhar a quantidade de horas que quisesse pela sua própria consciência e mesmo assim iria requerer mais do que os outros. Assim neste momento a produção deveria ser distribuída segundo o trabalho. "A sociedade entrega-lhe um bônus consignando que prestou tal ou qual quantidade de trabalho (depois de descontar o que trabalhou para o fundo comum), e com este bônus ele retira dos depósitos sociais de meios de consumo a parte equivalente à quantidade de trabalho que prestou. A mesma quantidade de trabalho que deu à sociedade sob uma forma, recebe-a desta sob uma outra forma diferente.". Assim, como Marx explica em critica ao programa de Gotha haveria um fundo comum ou social e um fundo individual. Ao planejar a economia os trabalhadores criariam uma cota de trabalho para cada trabalhador ao fundo comum e esse trabalho seria destinado a manter asilos, hospitais, escolas, obras de infra-estrutura e etc, ou seja, para toda sociedade. O trabalhador, no entanto, poderia trabalhar mais quantas horas quisesse para o fundo individual. Essa quantidade de horas seriam quantificadas em uma quantidade produção equivalente e com isso o trabalhador receberia um bônus para retirar dos armazéns públicos essa quantidade de produtos em outra forma. Assim, digamos que feitas as devidas deduções um trabalhador trabalhou 1000 horas (em trabalho socialmente necessário), ele poderia adquirir o equivalente a 1000 horas em outros produtos. Mas com a evolução da sociedade a produção poderia ser distribuída completamente segundo as necessidades. "Na fase superior da sociedade comunista, quando houver desaparecido a subordinação escravocrata dos indivíduos à divisão do trabalho e, com ela, o contraste entre o trabalho intelectual e o trabalho manual; quando o trabalho não for somente um meio de vida, mas a primeira necessidade vital; quando, com o desenvolvimento dos indivíduos em todos os seus aspectos, crescerem também as forças produtivas e jorrarem em caudais os mananciais da riqueza coletiva, só então será possível ultrapassar-se totalmente o estreito horizonte do direito burguês e a sociedade poderá inscrever em suas bandeiras: De cada qual,segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades."
Professor Fernando Pena
email: sociologiaepesquisa@gmail.com

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Grandes Pensadores


GRANDES PENSADORES

Max Weber, Émile Durkheim e Karl Marx - os três principais pensadores clásicos da sociologia 
São três os principais pensadores clássicos da Sociologia, a saber: Marx, Durkheim e Weber.
O termo Sociologia foi criado por Augusto Comte (1798-1857), sendo considerado o pai da Sociologia – provavelmente o primeiro pensador moderno. Comte defendia a ideia de que para uma sociedade funcionar corretamente, precisa estar organizada e só assim alcançará o progresso. Seu esquema sociológico era tipicamente positivista, corrente com grande expressão no século XIX.
Karl Marx (1818-1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista e foi o mais revolucionário pensador sociológico.
Marx concebe a sociedade dividida em duas classes: a dos capitalistas que detêm a posse dos meios de produção e o proletariado (ou operariado), cuja única posse é sua força de trabalho a qual vendem ao capital. Para Marx, os interesses entre o capital e o trabalho são irreconciliáveis, sendo este debate a essência do seu pensamento, resultando na concepção de uma sociedade dividida em classes. Assim, os meios de produção resultam nas relações de produção, formas como os homens se organizam para executar a atividade produtiva. Tudo isso acarreta desigualdades, dando origem à luta de classes.
Marx foi um defensor do comunismo, pois essa seria a fase final da sociedade humana, alcançada somente a partir de uma revolução proletária, acreditando assim na ideia utópica de uma sociedade igualitária ou socialista.
Émile Durkheim (1858-1917) foi o fundador da escola francesa de Sociologia, ao combinar a pesquisa empírica com a teoria sociológica. Ainda sob influência positivista, lutou para fazer das Ciências Sociais uma disciplina rigorosamente científica. Durkheim entendia que a sociedade era um organismo que funcionava como um corpo, onde cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver. Ao seu olhar, o que importa é o indivíduo se sentir parte do todo, pois caso contrário ocorrerá anomalias sociais, deteriorando o tecido social.
A diferença entre Comte e Durkheim é que o primeiro crê que se tudo estiver em ordem, isto é, organizado, a sociedade viverá bem, enquanto Durkheim entende que não se pode receitar os mesmos “remédios” que serviu a uma sociedade para resolver os “males” sociais de outras sociedades.
Para Durkheim, a Sociologia deve estudar os fatos sociais, os quais possuem três características: 1) coerção social; 2) exterioridade; 3) poder de generalização. Os fatos sociais apresentam vida própria, sendo exteriores aos indivíduos e introjetados neles a ponto de virarem hábitos.
Pela sua perspectiva, o cientista social deve estudar a sociedade a partir de um distanciamento dela, sendo neutro, não se deixando influenciar por seus próprios preconceitos, valores, sentimentos etc.
A diferença básica entre Marx, Comte e Durkheim consiste basicamente em que os dois últimos entendem a sociedade como um organismo funcionando, suas partes se completando. Por outro lado, Marx afirma que a ordem constituída só é possível porque a classe dos trabalhadores é dominada pela classe dos capitalistas e propõe que a classe proletária (trabalhadores) deve se organizar, unir-se e inverter a ordem, ou seja, passar de dominada a dominante, e assim superar a exploração e as desigualdades sociais.
Max Weber (1864-1920) foi um intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos fundadores da Sociologia e é o pensador mais recente dentre os três, conhecedor tanto do pensamento de Comte e Durkheim quanto de Marx. Assim, ele entende que a sociedade não funciona de forma tão simples e nem pode ser harmoniosa como pensam Comte e Durkheim, mas também não propõe uma revolução como faz Marx, mas afirma que o papel da Sociologia é observar e analisar os fenômenos que ocorrem na sociedade, buscando extrair desses fenômenos os ensinamentos e sistematizá-los para uma melhor compreensão, é por isso que sua Sociologia recebe o nome de compreensiva.
Weber valorizava as particularidades, ou seja, a formação específica da sociedade; entende a sociedade sob uma perspectiva histórica, diferente dos positivistas.
Um dos conceitos chaves da obra e da teoria sociológica de Weber é a ação social. A ação é um comportamento humano no qual os indivíduos se relacionam de maneira subjetiva, cujo sentido é determinado pelo comportamento alheio. Esse comportamento só é ação social quando o ator atribui à sua conduta um significado ou sentido próprio, e esse sentido se relaciona com o comportamento de outras pessoas.
Weber também se preocupou com certos instrumentos metodológicos que possibilitassem ao cientista uma investigação dos fenômenos particulares sem se perder na infinidade disforme dos seus aspectos concretos, sendo que o principal instrumento é o tipo ideal, o qual cumpre duas funções principais: primeiro a de selecionar explicitamente a dimensão do objeto a ser analisado e, posteriormente, apresentar essa dimensão de uma maneira pura, sem suas sutilezas concretas.
Em suma: a Sociologia de Comte e Durkheim são positivistas; a de Marx é revolucionária e a de Max Weber é compreensiva. E nisto talvez esteja a principal diferença entre esses quatro grandes pensadores da Sociologia.
FLORESTAN FERNANDES (1920 – 1995 )
Florestan Fernandes, sem dúvida o mais importante sociólogo brasileiro, nasceu em São Paulo, em 22 de julho de 1920. Desde muito cedo precisou trabalhar para viver e não pode sequer completar o curso primário. Fez o curso de Madureza e a seguir estudou Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Lecionou na USP até 1969 — quando foi aposentado compulsoriamente pela ditadura militar —, formando várias gerações de cientistas sociais. Deu aula em diversas universidades estrangeiras e, em 1976, voltou a lecionar no Brasil, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
É o fundador e principal representante da Sociologia crítica no Brasil. Em todo o seu trabalho ele procura refletir sobre as desigualdades sociais, desvendando as cotradições da sociedade de classes, e também sobre o papel da Sociologia diante desse realidade. Assim, não apenas em seus livros, mas também em cursos, conferências e artigos na imprensa brasileira, com suas enormes desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais.
Sua própria história de vida explica essa posição crítica: "Eu nunca teria sido o sociólogo em que me converti sem o meu passado e sem a socializácão pré e extra-escolar que recebi, através das duras lições de vida (...). Iniciei a minha aprendizagem ‘sociológica’ aos 6 anos, quano precisei ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que é a convivência humana e a sociedade (...)".
De sua imensa obra, podemos citar: A organização social dos Tupinambá (1949), Fundamentos empíricos da explicação sociológica (1959), A Sociologia numa era de revolução social (1963), A integração do negro na sociedade de classes (1965), Capitalismo dependente e classes sociais na América Latina (1973), Mudanças sociais no Brasil (1974), A revolução burguesa no Brasil (1957), A natureza sociológica da Sociologia (1980)
Nas eleições de 1986, Florestan Fernandes foi eleito deputado constituinte pelo Partido dos Trabalhadores.


Sociologia - introdução



 

A Sociologia é uma das ciências humanas que estuda as unidades que formam a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela psicologia, a Sociologia tem uma base teórico-metodológica, que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicá-los, analisando os homens em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia.
Os resultados da pesquisa sociológica não são de interesse apenas de sociólogos. Cobrindo todas as áreas do convívio humano — desde as relações na família até a organização das grandes empresas, o papel da política na sociedade ou o comportamento religioso —, a Sociologia pode vir a interessar, em diferentes graus de intensidade, a diversas outras áreas do saber. Entretanto, o maior interessado na produção e sistematização do conhecimento sociológico atualmente é o Estado, normalmente o principal financiador da pesquisa desta disciplina científica.
Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de pesquisa. Ainda que esta tarefa não seja objetivamente alcançável, é tarefa da Sociologia transformar as malhas da rede com a qual a ela capta a realidade social cada vez mais estreitas. Por essa razão, o conhecimento sociológico, através dos seus conceitos, teorias e métodos, pode constituir para as pessoas um excelente instrumento de compreensão das situações com que se defrontam na vida cotidiana, das suas múltiplas relações sociais e, consequentemente, de si mesmas como seres inevitavelmente sociais.
A Sociologia ocupa-se, ao mesmo tempo, das observações do que é repetitivo nas relações sociais para daí formular generalizações teóricas; e também se interessa por eventos únicos sujeitos à inferência sociológica (como, por exemplo, o surgimento do capitalismo ou a gênese do Estado Moderno), procurando explicá-los no seu significado e importância singulares.
A Sociologia surgiu como uma disciplina no século XVIII, na forma de resposta acadêmica para um desafio de modernidade: se o mundo está ficando mais integrado, a experiência de pessoas do mundo é crescentemente atomizada e dispersada. Sociólogos não só esperavam entender o que unia os grupos sociais, mas também desenvolver um "antídoto" para a desintegração social.
Hoje os sociólogos pesquisam macroestruturas inerentes à organização da sociedade, como raça ou etnicidade, classe e gênero, além de instituições como a família; processos sociais que representam divergência, ou desarranjos, nestas estruturas, inclusive crime e divórcio. E pesquisam os microprocessos como relações interpessoais.
Sociólogos fazem uso frequente de técnicas quantitativas de pesquisa social (como a estatística) para descrever padrões generalizados nas relações sociais. Isto ajuda a desenvolver modelos que possam entender mudanças sociais e como os indivíduos responderão a essas mudanças. Em alguns campos de estudo da Sociologia, as técnicas qualitativas — como entrevistas dirigidas, discussões em grupo e métodos etnográficos — permitem um melhor entendimento dos processos sociais de acordo com o objetivo explicativo.
Os cursos de técnicas quantitativas/qualitativas servem, normalmente, a objetivos explicativos distintos ou dependem da natureza do objeto explicado por certa pesquisa sociológica: o uso das técnicas quantitativas é associado às pesquisas macro-sociológicas; as qualitativas, às pesquisas micro-sociológicas. Entretanto, o uso de ambas as técnicas de coleta de dados pode ser complementar, uma vez que os estudos micro-sociológicos podem estar associados ou ajudarem no melhor entendimento de problemas macro-sociológicos.